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‘Falta de respeito’, desabafa lavrador que viajou 600 km e não foi atendido no INSS no Tocantins

“É triste. Eu não conhecia aquela realidade e fiquei muito sensibilizada com o que acontece ali dentro. Funcionários extremamente grosseiros, seguranças intimidando aquelas pessoas. Muito triste o que eu presenciei”.

O relato foi feito ao AF Notícias por uma mulher que precisou de atendimento na sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em Palmas, na manhã desta quinta-feira (9).

DESCASO

A situação de outros assistidos é ainda pior. Com perícia médica agendada previamente, conforme os protocolos do órgão, pacientes que saíram do interior do Estado para serem atendidos em Palmas receberam a informação de que suas consultas tinham sido remarcadas.

Segundo atendentes do órgão, o médico responsável pela realização das perícias estaria de licença e, por isso, não atendeu na manhã desta quinta-feira.

INDIGNAÇÃO

O lavrador Gentil Ferreira Filho, de 51 anos, fraturou uma das pernas em um acidente de trabalho e agendou a perícia médica para esta quinta-feira (9), às 08h, em Palmas, com 20 dias de antecedência e ficou indignado ao ser informado que deveria reagendar a consulta.

Ele mora no Projeto de Assentamento Gameleira, localizado no município de Formoso do Araguaia, na região sul do Estado, e teve de viajar cerca de 600 km em vão, pois terá que retornar à capital em outra data para ser atendido.

“Estou me sentindo injustiçado, pois a gente gasta o que não tem para poder vir aqui. Marquei minha perícia tem uns 20 dias. É uma falta de respeito. Peguei dinheiro emprestado para vir. Quem é que vai me reembolsar o que eu gastei?”, desabafou.

AF Notícias tentou contato com a assessoria de comunicação do INSS em Palmas, mas as ligações não foram atendidas.

FORÇA-TAREFA

A demora no atendimento junto ao órgão é um problema antigo e crônico. Menos de seis meses depois de anunciar a criação de uma estratégia para reduzir o estoque de pedidos de benefícios previdenciários à espera de uma resposta, o governo do presidente da República Jair Bolsonaro prepara um novo plano na promessa de solucionar a fila do INSS.

Segundo o Governo Federal, em média, 900 mil novos requerimentos entram por mês no INSS. Em novembro, 2,3 milhões de pedidos de benefícios sociais e previdenciários compunham o estoque.

VIRTUAL

Para tentar zerar as filas, o Governo implantou um sistema virtual, onde os pedidos de benefícios, agendamentos de perícia e outros serviços só podem ser solicitados através do site Meu INSS, ou pelo telefone por meio da central 135.

NÚMERO DE BENEFÍCIOS

A previsão do governo é de que o número de benefícios aguardando resposta caia de 2,4 milhões em agosto de 2019 para 285 mil em agosto deste ano.

O presidente do INSS disse à Folha de S.P., em dezembro de 2019, que a produtividade tinha aumentado 84% entre os servidores que optaram por trabalhar em casa e que as decisões automáticas – aquelas em que o próprio sistema reconhece ou nega o direito ao benefício – passaram de uma média mensal de 9 mil para 73,7 mil.

Procurado, o INSS não deu explicações sobre o fracasso da força-tarefa do ano passado. “O INSS tem demanda variável de requerimentos e, por isso, torna difícil fazer qualquer afirmação sobre extinção do estoque de benefícios”, informou, em nota.

A expectativa do governo é que a melhora na velocidade das concessões resulte em mais gastos previdenciários. Para equilibrar as despesas, deverá haver um esforço com a retomada no pente-fino nos benefícios por incapacidade, que será feito paralelamente à nova força-tarefa.

Somente neste ano, cortes de benefícios que dependem de avaliação médica para serem mantidos podem resultar em uma economia de R$ 5 bilhões. Na primeira etapa, prevista para este mês, 300 mil segurados que recebem auxílio-doença deverão ser chamados.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) pago a pessoas com deficiência também será incluído no pente-fino. Inicialmente, aposentadorias por invalidez ficarão de fora do novo programa de reavaliações. O pente-fino também é uma medida importada pelo governo Bolsonaro da gestão Temer.

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Fonte: AF Noticias