Estado

Agentes de Endemias de Araguaína expõem saúde em risco trabalhando com EPIs descartáveis; “estamos sendo cobaias”

Divulgação
Divulgação

Há pouco mais de duas semanas, os Agentes de Combate a Endemias de Araguaína (TO) passaram a trabalhar com um novo lavircida chamado “diflubenzuron”, que é mais potente e eficiente no combate a dengue. Acontece, porém, que segundo denúncia  da categoria, os agentes estão trabalhando sem resguardarem a própria saúde, já que os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) disponibilizados pela Secretaria Municipal de Saúde são descartáveis e de baixa qualidade.

Segundo informação de um servidor que preferiu não ser identificado, o novo lavircida está em fase de teste e, durante um treinamento, os técnicos da Secretaria Estadual de Saúde foram categóricos ao afirmar que o manuseio do produto só deveria ocorrer com os EPIs adequados, caso contrário, era recomendável não usar o “diflubenzuron” no combate à dengue.

Mesmo com a recomendação, o agente denunciou que a Secretaria Municipal de Saúde disponibilizou apenas luvas e máscaras descartáveis, ao invés das luvas de látex nitrílica e máscaras com filtros.  Estes equipamentos são recomendados pelo próprio fabricante do lavircida.

A preocupação dos agentes é que “nem mesmo o fabricante do lavircida sabe o grau de lesão que o veneno pode causar à saúde humana”. “Estamos sendo cobaia dessa experiência. As consequências podem aparecer daqui  um  tempo. Muitos Estados começaram a utilizar este produto, mas já abandonaram pelos riscos”, disse o Agente de Combate a Endemias.

O manual de instruções do “diflubenzuron” também não esclarece os riscos que podem ocasionar no contato direito com a pele humana.

De acordo com o denunciante, as luvas de latex foram disponibilizadas apenas para os supervisores, que são em número de 14, enquanto os agentes, que são mais de 100 e que vão enfrentar o “problema” diretamente, não receberam.


(Luvas descartáveis usadas pelos Agentes de Combate a Endemias. Do lado direito, as luvas recomendadas).

Situação fica pior

Para piorar a situação, o denunciante afirmou que além de não ter EPIs, a Secretaria Municipal de Saúde ameaçou cortar o ponto de quem não for trabalhar e, na última sexta-feira (14), mandou recolher todos os equipamentos alegando que não há necessidade de utilizá-los, pois o novo lavircida não representa nenhum risco à saúde dos agentes.

O outro lado

Em nota, a prefeitura disse que a Nota Técnica nº 015/2009 recomenda o uso de larvicida Diflubenzuron (PM 25%) para o controle do Aedes aegypti. A mesma nota consta que a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou o diflubenzuron um produto seguro à saúde humana para uso em água de consumo humano, tendo cumprido todos os protocolos de Programa Internacional de Segurança Química para uso em água potável.

Ainda conforme a nota, o diflubenzuron teve sua eficácia e eficiencia avaliadas durante o estudo coordenado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde no período de 2004 a 2005 e, em estudos e simulados de campo apresentou persistência de oito semanas.

Ainda segundo esta Nota Técnica, o produto é seguro tanto para a população quanto para o agente aplicador (Agentes de Combate de Endemias) tendo em vista as informações da OMS e os resultados dos testes em campo e laboratório pela SVS/MS.

O princípio ativo para a formulação do pó molhável é o caulim (carbonato de cálcio), um dos componentes dos cremes dentais. Trata-se de um produto extremamente seguro, fazendo parte da composição de vários produtos entre eles, os já citados creme dentais, sabonetes e produtos alimentícios.

Já em relação aos EPI’s, a prefeitura disse que os Agentes de Combate de Endemias – ACE lotados no CCZ de Araguaína-TO receberam devidamente os Equipamentos de Proteção Individual, conforme recomendação desta mesma Nota Técnica nº015/2009, no período de 2013 a 2014.

Cada ACE recebeu:

– 02 Camisas de manga longa;
– 02 pares de botas;
– 04 camisas de manga curta,
– Diversas luvas descartáveis

A prefeitura disse também que não há nenhuma orientação feita pela equipe de coordenação do CCZ para que os ACE´s trabalharem em condições inadequadas. A Prefeitura disse que não há registros de denúncias dessa natureza no CCZ e na Ouvidoria do SUS.

A Prefeitura esclareceu que só é indicado o uso completo dos EPI´s para a pessoa envolvida na preparação da suspensão mãe – SM. Esta preparação é realizada no próprio município apenas por uma pessoa que possui todos os EPI´s necessários para a realização desse procedimento.

(AF Notícias)