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‘São Paulo disse sim à moderação e ao equilíbrio’, afirma Covas após vitória; tucano fez agradecimento especial ao vice, Ricardo Nunes

No discurso após a vitória, Bruno Covas (PSDB), reeleito prefeito de São Paulo neste domingo (29) com 59,3% dos votos válidos, disse que a cidade votou por “equilíbrio”, “moderação” e “ciência”.

O tucano, que derrotou Guilherme Boulos (PSOL) no segundo turno, também afirmou que agora é “possível fazer política sem ódio” (veja mais no vídeo acima).

“As urnas falaram, e a democracia está viva. São Paulo mostrou que restam poucos dias para o negacionismo e para o obscurantismo. São Paulo disse ‘sim’ à democracia. São Paulo disse ‘sim’ à ciência, disse ‘sim’ à moderação, disse ‘sim’ ao equilíbrio”, afirmou.

 

Neto do ex-governador Mário Covas, Bruno afirmou que é fruto da democracia e que respeita as instituições. Também fez um agradecimento especial ao vice de sua chapa, Ricardo Nunes (MDB).

Bruno Covas (PSDB) comemora vitória no 2º turno na capital paulista, acompanhado de seu filho, Tomás, e do governador João Doria — Foto: Fábio Tito/G1

Bruno Covas (PSDB) comemora vitória no 2º turno na capital paulista, acompanhado de seu filho, Tomás, e do governador João Doria — Foto: Fábio Tito/G1

“Eu queria aqui fazer uma homenagem e um agradecimento especial ao meu vice, Ricardo Nunes, que sofreu muito durante essa campanha. Mas esteja certo, Ricardo, que a partir de 1º de janeiro nós vamos governar e nós vamos mostrar pra São Paulo quem nós somos e qual é a nossa visão de mundo”, disse.

“Eu tenho certeza que todo sacrifício vai valer a pena, pelo trabalho que nós vamos desenvolver juntos na prefeitura. Muito obrigado, Ricardo.”

As principais críticas enfrentadas por Covas durante a campanha tiveram relação com a escolha de Nunes para vice, cuja mulher registrou boletim de ocorrência em 2011 por violência doméstica. Nunes também é investigado por suposto envolvimento com esquema em creches conveniadas com a prefeitura na cidade.

Durante a campanha, Covas chegou a afirmar que “coloca a mão no fogo” por Nunes. Segundo prefeito reeleito, o vice de sua chapa “não responde a nenhum processo judicial, não há nenhuma denúncia no Judiciário”.

Apoiadores de Bruno Covas (PSDB) celebram vitória — Foto: Fábio Tito/G1

Apoiadores de Bruno Covas (PSDB) celebram vitória — Foto: Fábio Tito/G1

Ainda no discurso de vitória, Bruno Covas afirmou que a partir desta segunda-feira (30) tem o “desafio de transformar a esperança em realidade” e acabar com divisões políticas na cidade.

“Agora, é agradecer a confiança, todos aqueles que confiaram na nossa proposta. Agora, é o desafio de transformar a esperança em realidade. São Paulo não quer divisões, não quer o confronto. Meu avô dizia que é possível conciliar política e ética, política e honra. Agora, acrescento, é possível fazer política sem ódio, fazer política falando a verdade”, declarou.

Ao lado de João Doria – que deixou a Prefeitura de São Paulo durante o mandato para concorrer ao cargo de governador –, Covas voltou a falar que não fará o mesmo. “Mais uma vez, dou a minha palavra [de] que serei prefeito pelos próximos quatro anos. Até penso na presidência, mas na presidência do Santos Futebol Clube”, brincou.

Bruno Covas (PSDB) comemora vitória no 2º turno na capital paulista — Foto: Fábio Tito/G1

Bruno Covas (PSDB) comemora vitória no 2º turno na capital paulista — Foto: Fábio Tito/G1

Conciliação

 

Bruno Covas também agradeceu a Boulos e se dirigiu aos eleitores que votaram no candidato do PSOL. O prefeito disse que que vai “governar para todos” na cidade. “As urnas falaram, e agora começa o grande desafio de enfrentar esta crise que São Paulo, o Brasil e o mundo precisam encarar”, declarou o tucano.

“Agradeço ao meu adversário. Fizemos o bom combate, e queria me dirigir a todos aqueles que acreditaram nele e depositaram o voto de confiança: nós vamos governar para todos. A partir de amanhã, não existe distrito azul e distrito vermelho, existe a cidade de São Paulo.”

 

João Doria e Bruno Covas comemoram resultado da eleição municipal no diretório do PSDB — Foto: Fábio Tito/G1

João Doria e Bruno Covas comemoram resultado da eleição municipal no diretório do PSDB — Foto: Fábio Tito/G1

O discurso conciliador de Covas lembrou a fala do presidente eleito nos Estados Unidos, Joe Biden, que ao vencer a disputa afirmou que “não haverá estado azul e estado vermelho”, referindo-se aos estados que votaram em Donald Trump.

Covas falou também sobre o telefonema que recebeu de Boulos, reconhecendo a derrota. “Eu disse que continuo na Prefeitura à disposição dele para se quiser apresentar boas propostas à cidade de São Paulo”, afirmou o prefeito.

Aglomeração no diretório do PSDB após vitória de Bruno Covas — Foto: Paula Paiva Paulo/G1

Aglomeração no diretório do PSDB após vitória de Bruno Covas — Foto: Paula Paiva Paulo/G1

Aglomeração

 

O discurso da vitória ocorreu na sede do diretório municipal do PSDB, nos Jardins, e houve aglomeração em um espaço fechado e com pouca ventilação.

Lembrado da pandemia e questionado se poderia pedir aos apoiadores que se retirassem para que ocorresse a coletiva de imprensa, Covas disse que “pedir para a militância se retirar é tão difícil quanto pedir para a imprensa”.

Bruno Covas (PSDB) comemora reeleição em São Paulo ao lado do governado de São Paulo, João Doria (PSDB) — Foto: Divulgação

Bruno Covas (PSDB) comemora reeleição em São Paulo ao lado do governado de São Paulo, João Doria (PSDB) — Foto: Divulgação

Discurso dos tucanos

 

Antes de Covas, o governador de São Paulo, João Doria, discursou e disse que o “PSDB foi de fato o grande vencedor nas eleições de São Paulo”.

“O PSDB sabe conjugar união, não separa, não duvide. Agrega e soma. Nosso compromisso é a prioridade para a saúde. As eleições terminaram. Não há foco na eleição, mas em vacinação. Quero também o que foi registrado aqui, a necessidade de com a vacina imunizarmos os brasileiros”, disse Doria.

Durante a campanha em SP, Covas também foi acusado por seu adversário de “esconder” Doria, que é seu padrinho político, por causa da avaliação negativa do governador na cidade. Covas não realizou agendas conjuntas e nem apresentou Doria em suas propagandas de TV.

Sobre as críticas, afirmou que “estranho seria o governador parar todos seus afazeres para fazer campanha para Prefeitura”.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), discursa no diretório do partido nos Jardins neste domingo (29) — Foto: Fábio Tito/G1

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), discursa no diretório do partido nos Jardins neste domingo (29) — Foto: Fábio Tito/G1

Na comemoração da vitória, o presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, afirmou que a reeleição de Bruno Covas foi uma “vitória histórica pro PSDB, que hoje atinge 184 prefeituras”.

“O PSDB governa o partido com o maior eleitorado do país. Foi uma vitória histórica que elege o maior número de mulheres no estado. Uma vitória da coerência do trabalho versus extremos, vitória também da união”, declarou Vinholi.

Aglomeração no diretório do PSDB após vitória de Bruno Covas — Foto: Fábio Tito/G1

Aglomeração no diretório do PSDB após vitória de Bruno Covas — Foto: Fábio Tito/G1

Disputa acirrada com Boulos

 

O tucano foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba onze partidos (PSDB, MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e PROS). O acordo garantiu o maior tempo de propaganda de TV no primeiro turno, mas não elegeu vereadores suficientes para formar maioria na Câmara Municipal (foram 25 das 55 cadeiras).

De acordo com dados parciais do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Covas foi reeleito com a campanha mais cara da capital: R$ 19,4 milhões até agora, quase seis vezes mais do que seu adversário no segundo turno, Guilherme Boulos, que gastou R$ 3,4 milhões. Os candidatos podem prestar contas até dia 15 de dezembro.

Multidão ao redor de Bruno Covas na Avenida Paulista — Foto: TV Globo

Multidão ao redor de Bruno Covas na Avenida Paulista — Foto: TV Globo

A disputa do segundo turno foi acirrada. Embora o atual prefeito tenha liderado as pesquisas de intenção de voto desde o início, a diferença para o candidato do PSOL caiu na reta final. O crescimento de Boulos, no entanto, não foi suficiente para reverter o resultado nas urnas.

A pandemia de coronavírus influenciou a campanha. Isso porque, devido ao adiamento do calendário eleitoral, os candidatos tiveram um período mais curto entre o primeiro e o segundo turno, de apenas 14 dias. Ambos fizeram atividades on-line, entrevistas, encontros e atividades de rua – onde foram observadas aglomerações.

Houve apenas dois debates televisivos no segundo turno, sendo um deles em rede aberta. O debate na TV Globo, que estava marcado para acontecer na sexta-feira (27), foi cancelado após Guilherme Boulos testar positivo para a Covid-19.

Covas vota ao lado do filho em SP — Foto: Reprodução Globonews

Covas vota ao lado do filho em SP — Foto: Reprodução Globonews

Perfil

 

Bruno Covas Lopes tem 40 anos e nasceu em Santos. Ele é neto do ex-governador de São Paulo Mário Covas, que morreu em 6 de março de 2001, vítima de câncer.

Advogado, Covas formou-se em direito pela Universidade de São Paulo (USP) e em economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC).

Na política, foi deputado estadual e atuou como secretário estadual de Meio Ambiente durante a gestão de Geraldo Alckmin (PSDB) no governo do estado, entre 2011 e 2014.

Bruno Covas (PSDB) em agenda de campanha no Capão Redondo nesta terça-feira (24). — Foto: Reprodução/TV Globo

Bruno Covas (PSDB) em agenda de campanha no Capão Redondo nesta terça-feira (24). — Foto: Reprodução/TV Globo

Foi eleito deputado federal em 2014, deixando o cargo em 2017, quando aceitou concorrer com Doria na chapa do PSDB à Prefeitura de São Paulo. Ele assumiu a prefeitura em 2018, quando Doria saiu para disputar o governo de São Paulo.

O prefeito enfrenta desde 2019 um tratamento contra um câncer na cárdia (região entre o esôfago e o estômago), com metástase no fígado e linfonodos.

Ele foi internado pela primeira vez em 23 de outubro de 2019, com quadro de erisipela (infecção na perna), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos). Os coágulos subiram para o pulmão, causando embolia. Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer. O prefeito passou por sessões de quimioterapia e imunoterapia.

Em 7 de agosto deste ano, o último boletim médico divulgado pela equipe responsável pelo tratamento informou que o prefeito continuaria realizando sessões de imunoterapia. Os médicos afirmaram, na ocasião, que ele “está em plena saúde e liberado para realizar atividades pessoais e profissionais sem restrições”.

Além disso, em junho Covas foi diagnosticado com Covid-19 e trabalhou em casa por 2 semanas, até se recuperar da doença.

Fonte: G1 São Paulo