Estado

Moradora da Vila Dertins apela em nome dos vizinhos para que o governo não os expulsem de suas residências

Divulgação

O Portal O Norte foi procurado por uma moradora da Vila Dertins, localizada no perímetro urbano da BR 153 em Araguaína que está preocupada com uma notificação extrajudicial que teria chegado em todas as residências da Vila, solicitando a desocupação dos imóveis.

De acordo com a senhora Sirlene Maria do Nascimento, 57 anos, as 31 famílias que são dependentes ou funcionários que trabalharam no Dertins, o que equivale a cerca de 150 pessoas, receberam no último dia 29 de março, um documento notificando a desocupação de todas as residências num prazo máximo de 15 dias. Segundo o documento, ao qual nossa reportagem teve acesso, o argumento apresentado seria de ocupação irregular.

Moradora do local há 32 anos, em virtude de seu marido ter trabalhado na construção da rodovia BR 153, dona Sirlene Nascimento, fala das dificuldades enfrentadas ao longo dos anos para criar sozinha os filhos já que ficou viúva ainda em 1985 e aponta como sendo uma ação imoral de seus executores, expulsar os moradores daquela localidade. “Eu fiquei viúva ainda na década de 80 e não tive oportunidade de estudar, mas me esforcei para formar meus filhos. Assim como muitas pessoas que moram aqui, não tenho para onde ir, isso é uma falta de respeito com pessoas que são cidadãos idôneos como nós. Aqui não tem bandido, eles estão nos acusando de invasores, mas se estamos aqui é porque nos foi cedido o espaço”, diz a viúva acrescentando: “Aqui tem idosos, garotos especiais, inclusive tem uma senhora de 80 anos com câncer e ela não tem para onde ir. É desumano simplesmente chegar aqui e expulsar a gente”, disse dona Sirlene, que recebeu com surpresa o documento, juntamente com os demais moradores. A idosa que mora com um filho e dois netos e recebe uma pensão do INSS de meio salário mínimo, ainda argumentou que existem famílias que moram há mais de 40 anos na Vila e que as casas existentes foram construídas com recurso próprio. “E como vamos ficar? Com uma mão na frente e outra atrás?”

A idosa ainda questionou o fato de o documento ter sido apresentado como sendo da Secretaria Estadual de Infraestrutura, no entanto, não tem a assinatura de seu gestor, Alexandre Ubaldo e sim do Chefe de Residência Rodoviária de Araguaína, José de Arimatéia Mariano Oliveira. “Se a gente foi notificado pela Infraestrutura então por que não tem a assinatura do secretário Alexandre Ubaldo?”, questiona a idosa que buscará com os demais moradores orientação jurídica para resolver o impasse e faz um apelo ao governo do Estado. “Do jeito que o governador Siqueira Campos criou o Estado do Tocantins, nós também criamos nossa história aqui, meus filhos e netos nasceram aqui. Então, apelo para o bom senso do governador para que não permita que seja cometida uma injustiça como essa”.
(Portal O Norte)