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Mário Amaro, da Odebrecht, relata encontros e doações a diversas correntes do TO

O ex-diretor superintendente da Odebrecht Ambiental/Saneatins no Tocantins, Mário Amaro da Silveira, um dos 77 delatores da maior empreiteira do Brasil na Operação Lava Jato, contou aos procuradores de Curitiba (PR) os detalhes da doação da empresa aos políticos do Tocantins. Nas doações, via caixa 2, a Odebrecht não tinha preferência, os mais diversos lados teriam se beneficiado das facilidades ofertadas pela empreiteira. As informações são da edição desta sexta-feira, 14, do Jornal do Tocantins.

Mário Amaro, que comandou a Odebrecht Ambiental no Tocantins entre 2011 e 2016 relatou encontros com o hoje governador Marcelo Miranda (PMDB) e com o deputado estadual Eduardo Siqueira Campos (DEM) para discutir doações para as campanhas eleitorais de 2012 e 2014.

Em agosto de 2014, por exemplo, o executivo recebeu ordem do então presidente da Odebrecht Ambiental, Fernando Reis, para doar R$ 1 milhão para a campanha de governador de Marcelo Miranda, que teria como codinome “Lenhador”. De acordo com Mário Amaro, o pedido em favor do peemedebista partiu do então presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMBD-RJ), cassado pela Câmara no ano passado e hoje preso em Curitiba por seu envolvimento na Lava Jato.

O ex-superintendente da Odebrecht Ambiental no Tocantins relatou quatro encontros com o hoje presidente do Naturatins, Herbert Brito, o Buti. O primeiro teria sido na residência de Marcelo, quando, na saída, foi abordado por Buti para pedir a contribuição.

Outros dois teriam ocorrido numa casa de lanches bem conhecida na Capital, para explicar como seria a doação e a forma de pegar o dinheiro. “Assim que o dinheiro estiver liberado, eu te aviso com antecedência para você se organizar, para ver quem vai pegar em São Paulo”, teria dito o executivo num dos supostos encontros com Buti, que queria os recursos entregues no Tocantins.

O último encontro teria ocorrido na Avenida Palmas Brasil, quando o hoje presidente do Naturatins teria dito que talvez iria pessoalmente buscar o dinheiro em São Paulo com o filho, que é piloto de avião.

Em nota ainda na quarta-feira, 12, Buti disse que “não responde a qualquer processo ou inquérito no âmbito da Justiça Eleitoral”. Ele ressaltou também que, sobre possíveis citações de seu nome por delatores da empresa Odebrecht, “prestará os devidos esclarecimentos à Justiça, caso seja convocado a fazê-lo”.

Em nota na noite de terça-feira, 11, antes mesmo da divulgação dos detalhes do caso de Marcelo, a Secretaria Estadual de Comunicação (Secom) disse que o governador “foi somente citado, não houve indiciamento”. “Mas vale considerar que todas as doações de campanha do governador foram feitas de forma legal, devidamente declaradas e as contas aprovadas”, afirmou a secretaria na nota.