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Esposa de ex-secretário pagou R$ 679 mil em espécie por carro de luxo e imóvel em Goiânia

Um relatório da Polícia Federal aponta que a esposa do ex-secretário de Estado da Saúde, Edgar Tolini, realizou vários depósitos de dinheiro em espécie cujos valores somam quase R$ 670 mil no período de apenas dois meses. O ex-gestor foi alvo da operação ‘Voo de Ícaro’, deflagrada nesta terça-feira (19), por suspeita de usar aviões locados pelo Estado para voos particulares e recebimento de propina. Ele foi secretário de maio de 2019 até outubro de 2021.

A PF lembra que na operação Cama de Tut, em setembro de 2020, foram apreendidos em posse do ex-secretário e de sua esposa Thaís de Carvalho Costa diversos bens de altíssimo valor agregado, tais como bolsas, vinhos e charutos.

Na mesma ocasião, os agentes da Polícia Federal localizaram na garagem pertencente ao apartamento onde reside o casal um veículo Toyota Rav4 2020, em nome da esposa do ex-secretário.

Quanto ao automóvel, a PF constatou que fora adquirido em Goiânia, mediante depósito na conta bancária da concessionária da quantia em espécie de R$ 200 mil, além de pagamentos em cartão de crédito nos valores de R$ 27 mil e R$ 3 mil.

Na época, segundo a PF, Thaís não possuía vínculo empregatício formal e Tolini possuía renda bruta de, aproximadamente, R$ 23.400,00 (vinte e três mil reais), para o exercício do cargo de secretário da Saúde no Tocantins.

Conforme a PF, por meio da análise de Relatório de Informações Financeiras foi possível identificar que Thaís de Carvalho realizou, de fato, um depósito em espécie no valor de R$ 200 mil, na data de 05/06/2020, na conta de uma concessionária.

Ao ser ouvida na Operação Cama de Tut, Thaís alegou ter comprado o veículo com o valor recebido de indenização por sinistro, mas não apresentou qualquer documento de comprovação no momento da afirmação.

No mesmo relatório foram identificados, pelo menos, outros 4 depósitos em espécie por ela realizados, no período de 05/06/2020 a 24/07/2020, totalizando R$ 679 mil. Os valores teriam sido usados na compra de um imóvel no condomínio Portal do Sol Green, localizado em Goiânia.

Ainda conforme a decisão, Thaís declarou à Polícia Federal que seus irmãos, pai e esposo a ajudam financeiramente. Para a PF, essa declaração sinalizar a possibilidade de que ela vinha movimentado valores de terceiros.

“No mesmo relatório foram identificados outros depósitos em espécie realizados por THAIS, sendo um no valor de R$ 269.000,00, ao CONDOMÍNIO ALEGRE em 10/06/2020; e outros dois depósitos a J. R.N, sendo o primeiro em 14/07/2020 no valor de R$ 105.000,00 e outro após dez dias, ou seja, em 24/07/2020, no mesmo valor. Coincidentemente, conforme se extrai das imagens de documento de compra e venda de imóvel (figura 3), consta GERALDO DE CARVALHO (pai de Thaís) como comprador”, narra o relatório da PF.

Apesar da movimentação de R$ 679 mil em espécie, a PF afirma que não foram identificadas, até o momento, saques de contas relacionadas ao ex-secretário, à sua esposa e ao seu sogro, que pudessem amparar ou justificar o elevado valor depositado por Thaís nas contas dos antigos proprietários do imóvel em pouco menos de dois meses.

Para a PF, os bens móveis de altíssimo valor econômico e a construção de imóvel de alto padrão em Goiânia evidenciaram a possível incompatibilidade entre o nível de vida experimentado adotado pelo casal investigado e as receitas financeiras identificadas.

Além disso, segundo a PF, há registros em rede social de viagens internacionais, e da aquisição de bens materiais de alto valor econômico, além da utilização de aeronave de pequeno porte para trânsito entre os Estados do Tocantins e Goiás.

Por fim, também chamou a atenção da PF que foi criada uma conta poupança para Thaís em um banco localizado em Portugal (MILLENIUM BCP), bem como teria sido solicitada simulação de crédito de habitação, pelo ex-secretário, no valor de € 300.000,00 (trezentos mil euros) em nome de sua esposa. Por conta disso, a Justiça proibiu o casal de deixar o país e ordenou a entrega dos passaportes no prazo de 24 horas.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos investigados. O espaço segue aberto.

 

Fonte: AF Notícias