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Banca examinadora do Detran se recusa a aplicar teste de direção a candidata surda em Araguaína

A20150314204900_thumbs_2_A Banca Examinadora do Detran-TO se recusou a aplicar a prova de direção veicular a uma candidata surda na manhã de sexta-feira (13), em Araguaína (TO), no norte do Estado. A estudante de cooperativismo da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Mariana Ferreira Albuquerque, fez todas as outras etapas do processo de habilitação, mas na hora do teste prático foi impedida de realizar pelos servidores do órgão.

O pai de Mariana, o professor doutor Francisco Edviges Albuquerque, relatou numa rede social que a situação lhe deixou com um “misto de sentimento de indignação, revolta e vergonha”. Albuquerque ressaltou ainda que desde o ano passado, sua filha vem se preparando para retirar a CNH.  Frequentou as aulas teóricas, fez todas as provas e por ser surda, passou por uma junta médica em Palmas.

Ainda segundo Edviges, a família, inclusive, pagou um intérprete em libras para Mariana realizar a prova de conhecimentos teóricos na Ciretran de Araguaína, visto que o órgão não dispõe desse profissional. “E, após passar por todas as etapas, hoje finalmente seria o último teste, a prova prática de direção. Mariana adentou no carro, mas na hora de sair, a chefe da banca disse que ela não poderia fazer prova, porque ela não tinha a documentação em mãos que provasse ser surda”, relatou o pai.

Diante do impasse, conforme o relato do pai de Mariana, a autoescola providenciou imediatamente a documentação. Mesmo assim a chefe da banca disse que não aplicaria a prova, tendo em vista que Mariana era surda e ela não havia sido informada. Alegou ainda que dependia de autorização de sua chefe, que mora em Palmas e estaria se deslocando para Araguaína.

“Mariana, óbvio, ficou nervosa e constrangida na frente de todos que ali se encontravam para fazer o referido exame,” afirmou Edviges. O pai da jovem ainda adiantou que vai tomar as devidas providências para que casos como este não se repitam.

O professor acrescentou que a chefe da banca examinadora, servidora pública, se recusou a informar seu nome, mostrando, segundo ele, despreparo e falta de habilidade para lidar com as “diversidades e adversidades”.

O Detran-TO ainda não se manifestou sobre o ocorrido.

(AF Notícias)