Quase 490 pessoas foram vítimas de estupro no Tocantins neste ano e número pode ser maior
Mais de 480 pessoas foram vítimas de estupro no Tocantins em 2022 entre janeiro e agosto, segundo levantamento da segurança pública. Só que os números podem ser ainda maiores já que nem todas as vítimas procuram ou conseguem pedir ajuda.
Uma mulher ouvida pela TV Anhanguera contou que as sequelas dos abusos estão na vida dela desde os nove anos de idade. O agressor seria um parente próximo. Ela sofreu sozinha por décadas e a coragem para denúncia só apareceu após ser vítima novamente, durante uma festa em que os convidados flagraram o crime.
“Fui dopada, não me lembro muito bem. Aconteceu que me levaram para o quarto, já estava em um estado ruim. Lá a pessoa achou que não estava com mais pessoas no ambiente e tinha pessoas ainda. Essas pessoas foram até a porta, bateram na janela. Quando ele saiu as pessoas entraram e viram que eu estava nua em cima da cama. Só assim eu tive a coragem de denunciar porque outras pessoas presenciaram”, disse a vítima, que pediu para não ser identificada.
Neste ano foram 104 pessoas vítimas de estupro no Tocantins, sendo 27 em Palmas. Os números são ainda maiores quando se trata de estupro de vulnerável: de janeiro até agosto foram registrados 384 casos, sendo 75 aqui na capital.
Neste ano, 104 pessoas foram vítimas de estupro no Tocantins, sendo 27 em Palmas — Foto: TV Anhanguera/Reprodução
São consideradas como vulneráveis as criança e adolescentes menores de 14 anos, além de pessoas que por enfermidade ou doença mental não possuam discernimento para prática do ato, bem como não possam oferecer resistência por qualquer outra razão.
Dados do serviço de atenção especializada às pessoas em situação de violência sexual no Hospital e Maternidade Dona Regina apontam um aumento nos atendimentos. De janeiro a agosto desse ano foram 155 novos pacientes. No mesmo período do ano passado tinham sido 134.
“A delegacia de polícia deve ser procurada de forma imediata. É nesse momento que serão adotados, não só os atos da investigação, mas também os atos de encaminhamento para preservação da saúde física e mental da vítima. Da mesma forma serão adotadas as questões relacionadas à assistência social e medidas de proteção à vítima”, disse o delegado José Lucas Melo da Silva.
Especialistas do direito que atuam nessa área, afirmam que é preciso fortalecer a rede de apoio e acolhimento as mulheres. A vítima se sente desprotegida após o judiciário negar a manutenção de medida que proibia o abusador de se aproximar dela.
“Totalmente exposta porque a pessoa é psicopata. Tanto eu como minha família”, disse.
O que diz o Tribunal de Justiça
O Tribunal de Justiça do Tocantins informou, em nota, que as medidas protetivas só são retiradas a pedido da vítima ou no caso de extinção do prazo sem que a parte solicite a renovação destas.
Fonte: G1 Tocantins